Abandone suas resoluções de ano novo

Uma forma diferente de pensar sobre seu desenvolvimento em 2025 (e provavelmente mais eficaz)

No dia 06 de Janeiro de 2021 escrevi um texto com o título “Neste ano, não seja intenso. Seja consistente" para questionar a forma como criamos resoluções de ano novo. Um texto que teve uma excelente repercussão e recebe novos leitores e comentários até hoje.

Quatro anos depois, eu ainda acredito na ideia central desse texto: consistência é muito mais importante que intensidade.

Mas existe um sério problema com ele: desde que publiquei o texto, nunca mais fiz resoluções de ano novo. Isso faz de mim… hipócrita?

Na verdade eu desenvolvi um sistema que aumentou minha taxa de sucesso, melhorou minha saúde mental e simplificou a minha vida.

Vai funcionar pra você também? Provavelmente não.

Mas você já leu dezena de artigos que prometem uma forma mais eficaz de estabelecer metas para a sua vida. Talvez seja bom dar uma chance para um caminho diferente em 2025.

Supostamente, Einstein falou alguma coisa sobre fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes.

🧠 Tempo para escrever: 4 horas
📖 Tempo de leitura: 8 minutos
✍️ Na última edição: Futurospectiva 2025: tendências de Marketing que vão voar ou flopar [Parte 2]

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Nessa edição você vai ler:

Resoluções nunca me ajudaram a conquistar nada

Um terço das pessoas abandonará suas resoluções antes do carnaval. Com o fim do primeiro trimestre veremos o fim de mais da metade das resoluções. 80% terá desistido dentro de seis meses.

E esse pode ser o lado otimista dos dados.

Em 2019, a Strava (app para atletas) conduziu uma pesquisa a partir de 800 milhões de atividades registradas onde identificou que cerca de 80% das pessoas que fizeram resoluções de Ano Novo desistiram na segunda semana de janeiro.

A segunda sexta-feira de janeiro é o dia em que as motivações começam a perder força, dia que ficou conhecido como Quitter's Day - dia do desistente.

Eu sempre fiz parte dos +90% que desistem ao longo do ano, por décadas colecionei quilos que não perdi, livros que não li e hábitos que não criei.

Então em 2021-22 eu percebi que eu não era o problema e que, na verdade, eu estava tentando extrair resultados de uma ferramenta extremamente ineficaz, com uma taxa de sucesso de 1 em 10.

A não-alternativa às resoluções de ano novo

Eu substitui as resoluções de ano novo por… nada.

Eu não tenho um sistema/framework de desenvolvimento para terminar 2025 melhor do que comecei. A minha abordagem ao crescimento pessoal é baseada em semear pequenos ciclos virtuosos.

Nas histórias envolvendo viagem no tempo, até mesmo os pequenos atos do viajante no passado - como mover uma cadeira de lugar - causam grandes mudanças no ‘tempo presente’.

Placa do shopping após Marty atropelar um dos pinheiros enquanto fugia do tiroteio (De Volta para o Futuro)

Mas ninguém considera aplicar essa lógica à vida real: uma pequena mudança hoje pode criar um futuro completamente diferente.

Semear pequenas mudanças é importante porque melhorar hábitos é difícil e a maioria dessas tentativas não vai funcionar - a vida real, mover a cadeira de lugar não muda o destino do planeta - mas um ciclo virtuoso que traciona tem impactos amplos na sua vida.

Um dia você acordou renovado de uma noite de sono, o dia estava bonito e você saiu para correr, você volta e toma um banho confortável, come algo saudável para manter a energia alta.

No almoço, te oferecem sorvete e bolo de chocolate. Para sua surpresa, você não tem vontade de comer. Uma ação positiva leva a outra ação positiva.

A verdade é que nossos resultados são uma mensuração tardia de nossos hábitos.

Um dia você passou na frente do espelho e gostou do que viu, tocou sua música favorita no violão sem errar, tirou uma nota boa naquela prova/concurso, viajou para aquele destino que tanto sonhava.

Tudo isso é resultado das pequenas decisões que tomou, dia após dia, pelos últimos 6 meses (ou 6 anos).

São os dias bons que levam a boas semanas, aos bons anos e à boa vida.

Compartilho agora 3 princípios que me ajudam a semear pequenos ciclos virtuosos (mas não espere um passo a passo vencedor, isso é algo que não posso prometer)

#1 Consistência vence a intensidade

Nós tentamos resolver nossos problemas pela força bruta.

O ano começou e queremos aproveitar que estamos cheios de energia para fazer coisas novas. Esse excesso de energia nos leva a priorizar a intensidade.

Nesse momento, o mais humilde dos sedentários decide correr uma meia-maratona.

Só que um comportamento de alta intensidade aumenta suas chances de falhar.

Aprender algo novo custa caro para o corpo. O progresso inicial é lento e não enxergamos mudanças, as primeiras lições são as mais difíceis de aprender e o esforço é desproporcional ao retorno.

O truque consiste em associar a ação a um sentimento bom. Manipule seu cérebro para que ele associe as novas atividades com uma lembrança boa, não com a sensação de cansaço e falta de ar de 30 minutos de esteira.

Se você quer ler todos os dias, não comece lendo 30 páginas e termine entediado, comece lendo 3, e pare quando estiver empolgado com a próxima página. Não importa qual seja a iniciativa pare de antes de cansar.

Seu primeiro objetivo não é ser bom. É sobreviver.

Os melhores resultados não serão colhidos por quem foi para a academia 6x por semana em Janeiro, mas por quem foi 3x por semana durante as 52 semanas do ano.

A maioria das pessoas superestima o que pode fazer em um ano e subestima o que pode fazer em dez anos.

Bill Gates

#2 O ano só começa depois de Janeiro

O pior dia do ano para definir seus objetivos é o dia 01 de Janeiro. Estamos embriagados pelo otimismo e motivação e torna nossas resoluções irreais, é como tomar decisões bêbado.

Se você deseja estabelecer objetivos para o seu ano, faça isso em um dia aleatório. Sei lá… 23 de Janeiro, 07 de Fevereiro, 30 de Outubro.

Espere a sua rotina recomeçar para planejar, seja engolido pelas tarefas diárias e relembre como é lidar com os problemas do dia a dia.

A vida real acontece entre o ano novo e o natal, não o contrário.

Resoluções de ano novo são uma norma social, mas lembre você pode se comprometer com mudanças em qualquer momento do ano, não faça promessas enquanto estiver feliz demais.

#3 Não existe “vencer na vida”

Em seu livro, Jogos Finitos e Infinitos, James P. Carse descreve dois tipos de jogos:

Os jogos finitos, que são disputados por jogadores conhecidos, possuem regras e um objetivo comum que encerra o jogo.

E os jogos infinitos, onde os jogadores nem sempre são conhecidos, as regras são imprecisas, o que permite que cada um jogue conforme preferir, e não possuem uma ‘linha de chegada'.

Em um jogo finito o objetivo é vencer, mas um jogo infinito não possui vencedores ou perdedores, o objetivo é continuar jogando.

Podemos encarar a vida como um jogo finito ou infinito.

O jogo finito prioriza o resultado: ou você venceu ou você foi derrotado, não importa o que você fez no caminho. Ao escolher esse tipo de jogo na vida limitamos o nosso crescimento, nada vale a pena se não pudermos vencer.

Pra que eu vou praticar esse esporte se eu nunca serei um atleta profissional? Tocar violão é tão legal, mas pra que eu vou gastar tempo pra aprender 2 músicas?

Uma vida baseada em jogos finitos aprisiona as pessoas em competições: meu objetivo é correr uma maratona porque se comprometer em correr 2km é irrelevante quando existem tantas pessoas correndo 40km.

Por outro lado, entender a vida como um jogo infinito é priorizar o trajeto. Como o jogo não é divido entre vencedores e perdedores, tudo bem não ser o melhor, tudo bem mudar de ideia, abandonar projetos e hobbies, a experiência em si é mais importante que sua posição no ranking.

Algo diferente pra começar o ano

Janeiro é um período de reflexão e proposição, mas as resoluções de ano novo causam mais danos do que contribuem para o nosso crescimento.

Essa edição é uma reflexão sobre como abordar o nosso desenvolvimento pessoal e profissional, uma perspectiva diferente sobre identificar o que tem influencia real na nossa vida.

Lembre-se: a maioria das pessoas superestima o que pode fazer em um ano e subestima o que pode fazer em dez anos.

Qual a nota dessa edição?

(pessoas educadas respondem)

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