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Quem escreve bem, pensa bem: a escrita como superpoder

Por que e como escrever melhor, do papel em branco à edição. Destrave essa habilidade de comunicação hoje

Comunicação é um dos superpoderes que você pode desenvolver durante a sua vida e carreira, com ganhos desproporcionais em relação ao esforço - mais até do que muita habilidade técnica. 

Eu consigo observar que existe um esforço imenso de pessoas em organizações para a parte mais performática da coisa: como falar em público, como apresentar bem, lições de TED Talks, e até como fazer bons designs de apresentação e projetos.

Mas tem um componente que - na minha humilde opinião - recebe bem menos atenção do que deveria: como escrever bem. 

Não estou falando aqui de romance, poesia e nem exclusivamente copywriting persuasivo ou publicitário (para isso, leia também essa edição). 

O foco é a escrita do dia a dia. 

Você não percebe, mas passa muito mais tempo escrevendo do que parece. 

  • E-mail? Slack? Relatório? Escrita.

  • Pitch? Discurso? Roteiro? Escrita. 

  • Documentação? Feedback? Avaliação de performance? Escrita. 

  • Carta aos acionistas? Estratégia trimestral? Escrita.

  • LinkedIn? Tinder? Votos de casamento? Escrita.

De entregáveis claros a simplesmente o ato de tirar uma ideia da cabeça e colocar no papel, escrever ajuda a tangibilizar e estruturar o pensamento de uma maneira antifrágil. 

Afinal, quando você escreve, coloca o seu raciocínio lutando por si próprio, sem apoio contexto adicional, feedback imediato ou qualquer muleta.

Então vamos turbinar a sua capacidade de transformar letrinhas em compreensão e ação. 

O que vem a seguir é um guia baseado em aprendizados técnicos desde a faculdade de Jornalismo até as referências globais no assunto (William Zinsser, Dave Perell, Harry Dry, Wes Kao, Eddie Shleyner e até Jerry Seinfeld) quanto com as minhas cicatrizes e maneirismos de mais de 20 anos escrevendo profissionalmente.  

Se quiser a versão simples: 

  • 1️⃣ Número um: leia muito. 

  • 2️⃣ Número dois: escreva muito - intencionalmente.

  • 3️⃣ Número três: colete feedback e escreva mais. 

Parece brincadeira, mas é basicamente isso mesmo. 

Em tempo: assinantes do Premium vão ter uma versão estendida desse racional, explicando na prática como usar AI a seu favor no processo de escrever

🧠 Tempo para escrever: 10 horas
📖 Tempo de leitura: 22 minutos
✍️ Na última edição: Seu tráfego virou refém da IA do Google - é assim que você paga o resgate

A última edição teve 91% das avaliações como nota 9-10, e pelo menos 5 comentários com “que aula” tanto no site quanto no LinkedIn. Tava boa mesmo!

O que você vai ler hoje

Por que escrever bem importa?

"Se você não consegue escrever sobre algo claramente, é porque você não entende aquilo completamente."

Wes Kao

Escutei um podcast do Lenny Rachitsky com a Wes Kao falando sobre comunicação. A Wes é uma das melhores “comunicadoras profissionais” que eu já vi, e tem dicas valiosas tanto nesse episódio quanto em sua newsletter.

O fato de alguém não querer estruturar um racional escrito é a causa raiz de múltiplas reuniões que poderiam ser um e-mail. 

E alguém escrever mal gera um custo invisível de reuniões, alinhamentos, confusão e stress que assolam dezenas de empresas e relacionamentos.

Escrever te obriga a concatenar as ideias de forma coerente.

Ao vivo, na troca síncrona, na apresentação de reunião, você tem feedback ao vivo sobre a compreensão da mensagem e pode adaptar. Você pode apontar, gesticular e ter o apoio de slides bonitos. 

A lógica é similar ao de “vou mandar um áudio porque é mais fácil” (e olha que eu sou a favor de áudios no WhatsApp). 

Há um contexto compartilhado entre as pessoas presentes. 

Esse contexto te dá uma oportunidade que não existe na escrita - nela, você precisa entregar a mensagem completa, objetiva e subjetiva. Justamente por conta dessa restrição, dá mais trabalho. Mas potencialmente mais retorno.

O formato escrito melhora o processo de decisão. Clareia o raciocínio. Força novas conexões neurais. Lembra do exemplo da Amazon, que baniu todos os Powerpoints e trocou por documentos escritos para ampliar a capacidade de execução.

Escrever bem te traz credibilidade e eficiência na comunicação, já que não precisa explicar a mesma coisa múltiplas vezes. Gastar 10 minutos a mais escrevendo pode resultar em semanas de retrabalho evitado entre reuniões e alinhamentos.

Escrever bem também escala a sua influência: um documento, e-mail ou racional bem estruturado pode atingir mais pessoas, com mais impacto e por mais tempo.

Ler para escrever (e a sua dieta de informação)

Você é o que você consome. Não só de comida. Mas de informação também. A sua “dieta de conteúdo” importa muito para conseguir criar algo em cima. 

Tal qual um computador que precisa ter uma informação no HD para buscar, o seu cérebro também precisa ter alguma referência interna e repertório para criar em cima.

Olha só: é assim que a gente aprende. 

Teoria de aprendizagem de Dual Coding

O seu cérebro é exposto a um contexto, presta atenção em parte dele.

Essa informação interage com as memórias de curto prazo e longo prazo formando novas associações, das quais você  lembra uma parte e esquece a maioria.

Livros. Artigos. Filmes. Poesias. Peças publicitárias. Revistas. Posts alucinados no LinkedIn. Memes. Como o seu chefe se comunica. Tudo acumula. Serve como repertório. 

Tudo isso vai juntando no seu cérebro, onde uma parte dele “decupa” o que você acha bom do que é descartável (isso acontece durante o sono). 

O que você lembrou se torna uma memória e, tcharam, está para jogo (até você esquecer de novo - por isso repetição é tão importante). 

“Você não pode ser inspirado por algo que você não conhece”, diz o Mr. Beast, um dos maiores youtubers do mundo. (Aliás, esse memorando de como trabalhar na produtora dele é fantástico). 

Logo, o seu vocabulário, o seu léxico e o seu estilo de escrita são um reflexo de todo o seu repertório, misturados ao “toque pessoal” que você coloca nesse remix. 

O que ler?

O primeiro objetivo deveria ser expandir mesmo o seu horizonte de estilo e escrita, então vale se debruçar em “qualquer coisa que venha pela frente” mesmo. 

Mas o tempo é escasso e a nossa atenção é fragmentada. Prioriza. 

Usa 60% do tempo para consumir conteúdo que te interessa, seja profissionalmente ou não - simplesmente para atiçar a sua curiosidade e você não querer parar. 

Notícias. Artigos autorais. Autores renomados de ficção e não-ficção. Clássicos. Análises aprofundadas. Humor. Dicionários. Rótulo de shampoo. 

Não é para parecer “trampo”. É para criar a musculatura. 

Os outros 40% devem ser intencionais, próximos ao seu universo de expertise - aumentando repertório sobre o seu ofício e ainda descolando como escrever melhor. Relatórios, pesquisas, notícias do setor, opinião. 

Ou até essa newsletter aqui (sem clubismo).

Mas leia com o radar ligado também no formato. Faça engenharia reversa até encontrar o seu ângulo. 

Um bom jeito de começar com isso é fuçar no Writing Examples, que mostra um pouco da construção em diversos estilos - pelo menos até você criar o seu próprio swipe file, um arquivo de textos seus e dos outros que você gostou por algum motivo.

Quando você lê de maneira mais intencional, percebe não só o que foi escrito, mas também o como foi escrito - e tudo que está nas entrelinhas

Dominando o ofício da escrita

Se seu trabalho é escrever todos os dias, você aprende a fazê-lo como qualquer outro trabalho. 

William Zinsser, autor de “Como Escrever Bem”. Usei IA para criar um resumo para quem está no Premium.

Não existe nenhuma maneira de você melhorar na escrita se você não… Escreve.

Muito. Intencionalmente. Prestando atenção no formato. 

Simplesmente senta a bunda na cadeira e escreve. 

Um dos melhores humoristas de stand-up comedy da história, o Jerry Seinfeld senta para escrever todos os dias por três horas consecutivas.

À mão, com caneta e um bloco de papel amarelado. Todas as piadas que ele escreveu na história foram feitas dessa maneira. 

Papel, caneta e um rigor implacável para sentar e escrever. Horas a fio. Todo dia. 

Depois, as piadas eram testadas nos shows e implacavelmente lapidadas até arrancarem o máximo de gargalhadas. A cada show, um texto um pouco diferente. Uma observação sobre o volume de risadas. Uma adaptação no conteúdo ou formato. Obsessivamente.

Se quiser aprofundar na história, esse vídeo conta bem o processo. Já se quiser ampliar o repertório com um formato diferente, essa entrevista do Seinfeld na New Yorker é uma delícia de ler. 

Não colocar esforço e querer escrever bem é como querer uma barriga tanquinho sem querer fazer abdominal, nem exercício. 

Vencendo o bloqueio criativo

"O problema com a escrita não é que ela seja difícil. O problema é que as pessoas querem que seja fácil, então elas fogem quando fica difícil"

Jerry Seinfeld

O roteirista e escritor Ray Bradbury fala que você precisa escrever o seu primeiro draft quase ao mesmo tempo em que você pensa, sem se preocupar em julgar, para fomentar a surpresa e a criatividade. 

Medo de uma página em branco?

Tem técnicas para te ajudar a superar esse bloqueio - e com a tecnologia de hoje as coisas estão bem mais fáceis.

Manda um áudio para o seu próprio número contanto o que você quer explicar.

Transcreve esse áudio (qualquer IA faz isso em instantes), e trabalha em cima daquele material bruto. Pronto, já venceu o primeiro passo. 

Papeia com o ChatGPT (ou o Claude, que é melhor para texto) como ponto de partida. Mas não vá me pegar o texto cuspido pelo LLM e jogar como versão final - você é melhor do que isso.

Copie.

Se nem assim rola para você, pode começar copiando o trabalho dos outros. 

Literalmente. 

É o que o Sam Parr e o Shaan Puri falam sobre copy writing - separado mesmo, com o sentido de copiar o texto de alguém que admira antes de começar a escrever o que efetivamente você busca. 

Imitate, then innovate”. Assim, você aquece os motores e entra no “modo escritor” quando precisar colocar as suas ideias em ordem. 

Uma tática relacionada para superar bloqueios é, "se você estiver preso nos detalhes, vá geral; se você estiver preso no geral, vá específico."

Elimine distrações.

Como ferramenta de produtividade, eu recomendo eventualmente colocar bloqueadores de tempo, como aquela “reunião com você mesmo” para conseguir concentrar. 

Quanto menos distrações, melhor - do WhatsApp à conversa paralela, da outra aba aberta no navegador ao lembrete de pagar o boleto do mês. 

Eu abro até uma outra “área de trabalho” no meu computador só com o documento que estou escrevendo e os materiais exclusivamente atrelados àquele racional. 

O foco principal deveria ser o de tirar uma ideia da cabeça e colocar no papel ou tela, ainda que de maneira pouco polida. Joga o rascunho lá e deixa descansar a massa. 

Pode parecer que eu estou falando só de textos longos, mas vale até para aquela mensagem importante de Slack, acredite. 

Tira da cabeça primeiro, e aí vamos para a edição. 

Escrita é reescrita: como editar bem

“Escreva bêbado. Edite sóbrio"

Você já tirou a ideia da cabeça, mas ela ainda é aquela massa disforme de informação que precisa ser lapidada. 

Uma boa prática é deixar o texto “dormir” por uma noite e retomar depois. Ou pelo menos uns cinco minutos para ir tomar um cafezinho e pensar em outra coisa. 

E depois edite impiedosamente o que escreveu.

Não é raro o rascunho de uma edição da newsletter ser até 50% maior do que a versão final (essa mesmo é um exemplo disso).

Editar é tão ou mais importante do que escrever.

Corta frase, troca parágrafo de lugar, muda intertítulo, aprofunda aqui, tira esse outro dali. É uma mistura de Feng Shui com açougue, onde as palavras e a ordem em que estão são o prato principal. 

O processo de edição não precisa ser solitário. 

Outro método é o de entregar o texto para alguém que vai conseguir dar um feedback bastante rigoroso e próximo do ponto de vista ou repertório do seu interlocutor. 

A Inteligência Artificial até ajuda com essa perspectiva diferente, mas não tem o mesmo impacto de um ser humano.

Pode ser o simples “amiga, vê o que você entende dessa mensagem aqui” até um processo de leitores beta, que conseguem criticar as ideias e o formato antes dele ir ao “público geral”. 

"O segredo para escrever bem é tratar a si mesmo como um bebê na hora de escrever, e depois mudar para ser um filho da p* rigoroso na hora de editar"

Jerry Seinfeld

Como errar menos - as dicas de escrita

“Se o leitor não entende, o burro é você”

Um editor que eu tive enquanto era repórter

Para terminar em alto estilo, um compilado de acertos e erros que vão te ajudar a escrever qualquer coisa melhor. Vamos com exemplos práticos.

Objetivo e preparação

As coisas ficam muito melhores quando você prepara o terreno antes de sair disparando. As perguntas que você precisa se fazer antes não são muito complexas e formam a base fundamental para um bom texto, e-mail, Slack ou carta de amor. 

Para quem você está escrevendo? 

Relembre quem é o seu público: qual grau de instrução, proximidade do assunto e contexto necessário. Faz toda a diferença para você adequar o conteúdo. 

Vale para quando você conhece nominalmente quem vai ler, como a diretora da sua empresa ou aquele cliente da próxima terça-feira. 

Vale também para quando você escreve para múltiplas pessoas desconhecidas, onde você pode abstrair com um conceito chamado de “audience of one”, popularizado pelo Alex Lieberman, fundador do Morning Brew (aliás, olha esse tweet).

O que eu preciso que o leitor faça ou sinta? 

Pode ser desde uma aprovação de projeto até uma emoção que quer causar (esse vídeo do Shaan Puuri é ótimo para entender como fomentar as reações emocionais).

  • Qual é a coisa mais importante que você precisa comunicar e por que essa conversa/texto existe?

  • Quais as principais objeções que eu posso ter? O que podem discordar ou não entender? Quais os pontos contrários? Isso te permite antecipar os pontos contrários e não ser pego de surpresa. É o MOO da Wes Kao

Contexto, Clareza e Concisão

Se eu tivesse mais tempo, teria escrito menos.

Mark Twain

Um subproduto de você não conhecer ou não se importar com o seu público é a tal Maldição do Conhecimento, um dos principais motivos para uma escrita ruim, segundo Steven Pinker, psicólogo, autor e professor titular de Harvard.

Essa maldição pode ser técnica, quando os leitores não sabem o mesmo que você, e você assume que eles estão no mesmo nível e recheia o texto de jargões e piadas internas.

Mas também pode ser tão simples quanto falta de contexto: o outro não estava na reunião, não recebeu aquele e-mail, não tem o PPT certo.

Pinker também conta que existe um embate entre concisão e contexto, e que a boa escrita encontra um equilíbrio entre oferecer detalhes suficientes para que o leitor entenda o que está sendo discutido e condensar ideias em afirmações concisas.

Pirâmide Invertida

Em jornalismo, a gente aprende o conceito de Pirâmide Invertida e de lead - a informação que lidera o texto.

O primeiro parágrafo tem a intenção de dar a notícia ao leitor e fazer você ler o resto.

Ele precisa responder a 5 perguntas: o que, quem, quando, onde e porque.

O excesso no começo do texto é o que a gente chama de “nariz de cera”, que é tudo que é desnecessário antes da história principal.

Aplicação prática:

❌ E-mail longo: "Espero que esteja bem. Conforme conversamos na última reunião, que foi muito produtiva e onde discutimos vários temas importantes..."

✅ E-mail direto: "Resumo dos próximos passos da nossa reunião: [1, 2, 3]. Preciso de confirmação sobre X até sexta."

Concisão, com contexto. Se quiser ser espartano, dá para testar o Amazon Way of Writing.

Storytelling e arco narrativo

O exemplo do urso é cortesia da Wes Kao. O post dela sobre o tema é excelente.

A ordem cronológica dos acontecimentos não necessariamente é a melhor maneira de contar as coisas. 

Muito da escrita de não-ficção pode seguir a máxima objetiva do Jornalismo e da Pirâmide Invertida, mas você tem mais espaço para compôr o arco narrativo como quiser. 

Então testa: lista os tópicos da história como se fosse uma linha do tempo e vai brincando mudar de ordem como quem monta um Lego. 

Tenta encontrar momentos de tensão, possíveis plot twists, onde encaixar a jornada do herói. Provavelmente a história ficará mais interessante com esses cortes e rearranjos.

Aplicação prática:

❌ História cronológica: "Três meses atrás eu queria fazer camping, aí fui pesquisar os parques. Dirigimos por 4 horas até chegar nessa reserva natural, e colocamos a nossa barraca roxa recém comprada pela internet na beira de uma cachoeira… " 😴 

✅ História editada: "Teve uma vez que eu fui acampar e quase fui atacada por um urso! Estávamos perto da cachoeira nacional quando ele pulou em cima da nossa barraca”.

Você pode até testar estruturas mais consolidadas

  • Propostas: Problema → Impacto → Solução → Benefícios

  • Relatórios: Resultado → Contexto → Detalhes → Próximos passos

  • Feedback: Situação → Comportamento → Impacto → Solução

  • Documentos: Situação → Complicação → Resolução → Ação → Resultado

Doninhas, pavões e animais desnecessários

Tem dois animais que você precisa evitar nos textos: as doninhas e os pavões. 

A doninha

Com especificidade você mata a doninha. 

Tem um termo em inglês chamado de “weasel word”. O correspondente em português é “tergiversar”, mas quero usar a história da doninha - ela suga o recheio dos ovos mas deixa a casca intacta. 

Uma weasel word é, portanto, uma palavra vazia - ela é vaga e ambígua e “finge” que diz algo relevante, mas na verdade não tem compromisso nenhum.

Exemplos de doninhas:

  • ❌ Estudos mostram que (quais estudos?)

  • ❌ Algumas pessoas estão achando que (quantas? quem?)

  • ❌ Há quem diga que (quem?)

  • ❌ É o melhor do mercado (segundo quem?)

  • ❌ O apagão de ontem deixou muita gente sem luz

Como substituir:

  • ✅ Pesquisa da McKinsey com 1.000 CEOs mostrou que...

  • ✅ 73% dos nossos clientes relataram que...

  • ✅ Segundo João Silva, especialista em X...

  • ✅ Lideramos em Y segundo ranking Z...

  • ✅ O apagão de ontem deixou 18 mil pessoas sem luz

Uma doninha a instituição “os caras”, que não especifica ninguém. 

Isso é manipulação, falsa afirmação. Uma das coisas que ainda acontece demais nos portais de notícia e que me matava nas redações é o tal “fulano teria dito”. 

Maldito futuro do pretérito. Ou disse ou não disse. “Teria dito” não é notícia, é fofoca. 

O pavão

Com simplicidade, você mata o pavão.

O pavão é uma galinha com um rabo todo pomposo, que quer aparecer e paga de bacana mas é só esnobe. OK, tecnicamente isso não é verdade - mas você pegou o espírito da coisa. 

Uma palavra-pavão tem a mesma ideia: é um termo sem substância que só tá ali para parecer bonito.

Adjetivos e qualificadores encaixam muito bem nesse tipo de pavoneio. Um jargão também é um pavão. 

  • ❌ Inovador

  • ❌ Disruptivo

  • ❌ Revolucionário

  • ❌ AI-powered

  • ❌ ABM centric

  • ❌ Aumenta o ROI

Olha que a gente que trabalha com marketing e em startup adora um desses.

Você inclui isso no discurso para parecer inteligente, mas na verdade só está colocando fumaça na frente do interlocutor. 

Dicas finais

Preste atenção ao ritmo de um texto, tanto nas palavras quanto nos parágrafos - ferramentas como o Hemingway App ajudam nisso. 

Prefira a voz direta. Não use gerúndios. Não use as duplas negativas.

Ilustre uma ideia com exemplos tangíveis - coisas que você consegue visualizar ressoam mais e ficam mais tempo na memória. Show, don’t tell.  

❌ Voz passiva: "O relatório foi finalizado pela equipe"
✅ Voz ativa: "A equipe finalizou o relatório"

❌ Dupla negativa: "Não é incomum que não consigamos atingir as metas"
✅ Positivo: "Frequentemente perdemos as metas"

E, claro, não assassine a gramática.

Só de você se preocupar em como transmitir melhor a mensagem já é um ótimo começo. 

  • Como eu posso explicar as coisas de uma maneira mais clara? 

  • Como eu posso apresentar de uma maneira mais persuasiva? 

  • Como eu posso antecipar e manejar as objeções?”

Essas são perguntas te ajudam a a refletir sobre a habilidade de comunicar - para enfim ganhar isso como superpoder.

Quem escreve bem, pensa bem.

Obrigado pela leitura e boa escrita,

Qual a nota dessa edição?

(pessoas educadas respondem)

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