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Seu tráfego virou refém da IA do Google - é assim que você paga o resgate
AI Overviews serão o novo padrão de busca ainda em 2025, prepare-se com esse guia completo.
🧠 Tempo para escrever: 8 horas | 📖 Tempo de leitura: 14 minutos
✍️ Na última edição: Conteúdo e IA: a estratégia recente da Hubspot para crescer
Nessa edição você vai ler:
Faz alguns meses que eu tenho me questionado sobre o que fazer, em termos práticos, para adaptar minhas estratégias de SEO.
O Google Marketing Live 2025 foi o farol que me guiou em direção à resposta e me deu clareza sobre o meu papel como CMO na produção de conteúdo a partir de agora.
O Google comeu meu tráfego, e agora?
No Google Marketing Live 2025, em 21 de maio, o Google apresentou uma virada “AI-first” na publicidade: anúncios passam a ser exibidos dentro dos próprios AI Overviews e do novo “AI Mode”, alcançando usuários enquanto a intenção ainda está se formando.
A vice-presidente de Search, Liz Reid, confirmou que AI Overviews será a experiência padrão de busca global até o final de 2025.
Mas por que a ascensão do AI Overviews deve entrar no seu radar?
Em testes públicos, o MailOnline registrou queda de 56% no CTR sempre que um Overview aparece. A diretor de SEO da empresa reforça que a perda de cliques não se limita a publishers e sites de e-commerce e marcas de consumo também veem quedas de dois dígitos, indicando que a adoção global dos Overviews pode reconfigurar modelos de receita baseados em tráfego.
Um estudo da Ahrefs com mais de 300.000 keywords mostra que o CTR da posição #1 em consultas informacionais caiu de 5,6% para 3,1% entre março/24 e março/25. Para termos que hoje disparam AI Overviews a queda é ainda maior: 7,3% para 2,6% - uma queda de 34,5%.
Toda a tese do inbound marketing permeia a ideia de que o conteúdo cobre uma parte do CAC, portanto as mudanças recentes devem impactar diretamente o tráfego e o CTR, reduzindo seu poder de aquisição orgânica.
A resposta para essa mudança reside em dois fatos:
O Google precisa de fontes confiáveis para treinar a IA.
Quem dominar a nova arte da “visibilidade sem clique” ainda pode capturar a intenção.
As mudanças estruturais na SERP
O Google passou do lema “Ten blue links” para “Let Google do the searching for you” e o nosso objetivo deixa de ser “ganhar o clique” e passa a ser “ganhar a citação útil”.
Antes: 10 links azuis | Agora: AI Overviews |
---|---|
Relevância + autoridade definem ranking | Relevância + prompteabilidade + confiabilidade definem citação |
Meta-description atrai o clique | Resposta entregue dentro da SERP, sem clique |
Posição #1 ≈ 25 % CTR | Posição #1 cai para 7-10 % CTR |
Ads isolados no topo (ou rodapé) | Ads conversacionais aparecem dentro da resposta |
Com essas mudanças, parte do tráfego orgânico vira zero-clique, os modelos de atribuição (já deficitários) ficam ainda piores uma vez que uma parte ainda maior da jornada de compra sequer chega ao seu site e a vida útil do então conteúdo evergreen é reduzida, pois a IA responde sozinha.
Tudo isso gera impactos profundos na rentabilidade das organizações, então preparei um checklist avançado e detalhado com 5 passos para reduzir suas perdas pela metade já nos primeiros 30 dias.

Checklist de adaptação
O objetivo desse checklist é atacar rapidamente todas as lacunas criadas pela AI Overview e se preparar para os próximos meses, quando essa experiência se tornar o novo padrão do Google.
#1 Diagnóstico de Intenção
Organize suas keywords em quatro categorias de intenção, sendo a informacional a mais impactada pela AI Overview:
Informacionais: “Como gerar mais leads em 2025”
Comerciais: “melhores passagens voo"
Transacionais: “comprar impressora 3D”
Navegacionais: “Login Facebook

Presença do Overview por categoria
Foque nas keywords informativas, é onde está o maior impacto. Marque os termos que ativam o AI Overview e priorize os termos com perdas superiores a 20%.
Existem dois caminhos muito eficientes para monitorar essa informação:
Caminho 01: utilizar uma ferramenta de tracking de ranqueamento com suporte para AI Overview. A keyword.com já oferece essa funcionalidade de forma nativa
Caminho 02: a alternativa é um pouco mais complexa, mas representa o caminho mais confiável para criar uma automação em larga escala. Consiste em rodar um headless chrome e checar no HTML das páginas se existe um seletor chamado "ai_overview” ou classes rotuladas como “g-ai".
Eu encontrei essa API disponível para essa função.
#2 Substitua o conteúdo topo de funil
O conteúdo topo de funil é o mais impactado pelas mudanças, para aumentar as chances de ser listado no AI overview, esse conteúdo precisa resolver a intenção do usuário e, por isso, a recomendação é transformar estes conteúdos em “ferramentas-como-conteúdo” ou lead magnets: calculadores, quizzes e templates embedados na página.
#3 Forneça dados estruturados ao Google
Imagine que seu site é uma grande biblioteca e suas páginas, livros. Na capa desses livros você colou etiquetas para identificar os diferentes tipos: suspense, romance, infantil.
Na internet, essas etiquetas são chamadas schema, um tipo de dado estruturado que que informa ao Google o que é aquela página - um artigo, uma calculadora, um produto.
O Google entende melhor os conteúdos organizados com dados estruturados, pois a ausência deles obriga seus robôs a adivinharem o que estão lendo.
Tutorias podem ser marcados como “HowTo”, ferramentas como “SoftwareApplication” e ebooks como “Book”.
No WordPress, ferramentas como Yoast e RankMath possuem abas Schema e o Webflow possui o plugin Attributes para esse propósito.
Abaixo um exemplo de “HowTo".
<script type="application/ld+json">
{
"@context":"https://schema.org",
"@type":"HowTo",
"name":"Instalar corrediça telescópica",
"step":[
{ "@type":"HowToStep",
"url":"https://meusite.com/corredica#step1",
"text":"Meça o comprimento do trilho" },
{ "@type":"HowToStep",
"url":"https://meusite.com/corredica#step2",
"text":"Marque os furos com lápis" }
]
}
</script>
#4 Playbook de prompts
Quando alguém digita “como calcular CAC”, o Google precisa gerar um texto-resumo para o AI Overview, que procura uma citação que responda exatamente a mesma pergunta.
Se o seu site oferecer essa citação (na forma, nos termos e no tom que o modelo espera), boas-vindas ao Overview.
Na prática, isso significa escrever blocos de conteúdo que soem como o prompt original (a pergunta do usuário) e, logo abaixo, entregar uma resposta curta + um próximo passo.
Consiste em copiar a pergunta e responder no formato favorito da IA. Eis o playbook:
Etapa | O que | Explicação |
---|---|---|
1. Liste as perguntas reais | Pegue as top dúvidas dos clientes (FAQ de vendas, chats, fóruns, Search Console) e copie o texto literal. | A IA dá prioridade a frases idênticas ou muito parecidas com o prompt do usuário. |
2. Modele em formato K-W-A | Knowledge: sentença-resposta de até 2 linhas. Why/When: contexto rápido (“faça isso se seu ticket médio for X”) Action: CTA ou ferramenta. | Entrega valor imediato com poucas palavras, contextualiza e empurra a próxima ação |
3. Coloque em bloco FAQ | No CMS, crie seções tipo “Perguntas frequentes” e use o título exato da pergunta. Plugins de SEO/Schema já adicionam a marcação FAQ por baixo dos panos. | O Google identifica blocos FAQ como fontes curtas e confiáveis para citar. |
4. Acrescente “próximo passo clicável” | Link para uma planilha, calculadora ou webinar. | Mesmo que o usuário não clique, o seu domínio aparece associado à solução |
5. Monitore visitas do Overview | Adicione um sufixo UTM?prompt=calcular-cac ao link do CTA. Assim você descobre se a visita veio do Overview. | Sem esse parâmetro é quase impossível atribuir tráfego zero-click. |
6. Revisão trimestral | A cada 90 dias, reveja ranking de perguntas. Troque ou refine respostas que não geraram impressões/citações. | A intenção de busca muda |
#5 Zero-click UX
Pense no Zero-Click UX como um CTA sem URL.
Quando o AI Overview resolve a dúvida do usuário sem ele precisar sair da SERP, você perde o clique — mas ainda ganha a atenção por alguns segundos. O objetivo do Zero-Click UX é capturar o lead naquele micromomento em que a sua marca aparece no card, mesmo que a sessão não chegue ao seu site.
Você dá ao usuário o próximo passo mais fácil possível (entrar na comunidade, deixar o e-mail, baixar um material, instalar o app) antes que ele volte a rolar a página do Google.
Assim, mesmo sem a visita tradicional, você captura o dado, continua a conversa e transforma visibilidade em receita.
Estudo de caso: Expedia da dependência à “própria IA”
Historicamente, cerca de 62% dos novos usuários da Expedia vinham de Google Search (pago + orgânico). Em Q1/2025, a empresa relatou “declínio relevante” em rotas onde AI Overviews já estava ativo
18.000 palavras-chave foram mapeadas como tendo AI Overviews e organizadas em três categorias:
Informacionais: “melhor época para ir ao Brasil”
Comparativos: “voo SP-NY barato”, “hostel vs hotel”
Transacionais: “comprar passagem Brasil junho”
A perda mais agressiva foi na categoria “Informacional”, com -41 pontos, e esse foi o gatilho para o time de growth da Expedia reverter a situação.
Primeiro, o time lançou micro-apps como o Trip Budget Calculator e Climate Concierge, inserindo mais utilidade no conteúdo, o que elevou a probabilidade de a IA citar a Expedia com um CTA dizendo "try this tool".
Com os sinais de intenção sendo interceptados pela AI Overview, o segundo passo foi desenvolver uma alternativa em outro canal para fazer esse trabalho. Assim eles lançaram o Expedia Trip Matching, um recurso que permite aos usuários do Instagram enviar um Reel (de um influencer, por exemplo) via DM e devolve um roteiro completo, com hospedagem e preços em tempo real.
Por fim, a Expedia foi beta-tester dos Conversational Shopping Ads: painéis contextuais dentro do Overview com preços dinâmicos que entregou um CPA 17% abaixo dos search ads tradicionais.
De acordo com a primeira Earnings Call de 2025, a empresa ainda gerou 11 milhões de dólares a partir das ferramentas “zero-click”.
Indicador | Antes | Depois | Δ |
---|---|---|---|
Leads orgânico → booking | 2,1 % | 2,9 % | +38 % |
Receita via ferramentas zero-click | 0 | US$ 11 mi | – |
Queda de CTR no bucket 1 | –41 p.p. | –22 p.p. | +19 p.p. recuperados |
CPA conversacional vs search-ad | 1,00 | 0,83 | –17 % |

Novas métricas para monitorar em 2025
Novas métricas são necessárias para mensurar esse novo formato de conteúdo, quatro delas são fundamentais:
Search-Initiated Visibility Lift (SIVL): quanto a sua marca continua aparecendo aos olhos do usuário nas buscas, mesmo quando esse usuário já não clica mais no seu link.
(Impressões de Overview + Ads + Links) ÷ Impressões totais 2024Zero-click Leads Share: mede se os esforços de zero-click UX estão compensando a queda de visitas ao site.
Leads capturados sem clique ÷ Leads via página orgânicaSchema Coverage Score: Define qual porcentagem das URLs relevantes possui marcação Schema válida e completa, requisito para ser citada pela IA.
URLs com Schema válido ÷ URLs indexadas elegíveisCost-per-Snapshot Click: equivalente ao CPC, é o custo médio para cada clique nos botões ou links dentro do bloco AI Overview quando você roda Conversational Ads (no momento disponível para inglês, espanhol e francês).
Custo total Conversational Ads ÷ Cliques Snapshot
Bônus: evoluções no escopo e organograma de marketing
Fiz um exercício livre de rigor técnico para inferir que funções devem ser criadas ou alteradas para acomodarem mudanças tão profundas em algo que é tão inerente ao marketing e à usabilidade da internet: a SERP.
Head of Search Experience: profissional responsável por prompt engineering em conteúdo, gestão das schemas e parcerias de fonte.
AI Content Ops: converte prompts (termos de busca) em texto, vídeo e micro-ferramentas
Zero-Click UX Designer: projeta os lead magnets para captura de dado first-party onde não há cliques ou pageviews.
Conversational Ads: disciplina adicionada ao repertório dos especialistas em mídia paga.

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