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Sobre IA: de vibe marketing ao futuro de como fazer growth

Ferramentas, cases, reflexões e provocações para entender o novo superpoder de quem trabalha usando Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial está mudando o jogo do marketing.

Bom, agora conta uma novidade.

Prometo tentar não cair no clichê hoje, mas é real: o jeito que a gente faz as coisas está sofrendo alterações drásticas.

Tá todo mundo falando disso, ainda sem saber muito o que fazer. Eu mesmo tinha colocado IA como uma tendência, e o que eu previ até dezembro já foi atropelado e não chegamos sequer no meio do ano.

A velocidade da evolução está pautada em semanas ou dias, quando antes as coisas levavam meses ou anos para ter um salto significativo

Tá, mas isso a gente também sabe. 

O que a gente ainda não sabe é como usar IA direito no dia a dia.

Especialmente quando foge do “eu converso com o ChatGPT”. 

Mas e para criar mesmo meeeesmo? Coisas que vão para a rua? Ou para economizar metade do seu tempo e esforço de execução em algo? 

Hoje vamos explorar as possibilidades que a IA proporciona aos times de marketing. Antes que lancem uma coisa nova e eu tenha que reescrever tudo. 

O fato é: quem não mexe com IA vai ficar para trás (em pouco tempo).

Uma recomendação: vejam este webinar que gravei com o Vitor Filipe (CEO da Faster) e a Bruna Maggion (CMO do Grupo Alura, FIAP e PM3). Falamos bastante de IA e produtividade em times de marketing. 

🧠 Tempo para escrever: 8 horas
📖 Tempo de leitura: 19 minutos
✍️ Na última edição: ELMR Framework: como influenciar as 4 etapas da tomada de decisão 

Outra recomendação: se puder, dê um upgrade para o Growth Insight Premium. Nessa semana rolou uma mentoria deliciosa sobre carreira em marketing para alguns dos nossos assinantes (que também trocam diariamente conosco no WhatsApp)

Nessa edição você vai ler:

Contexto: criando uma calculadora do zero

Capa da calculadora que eu criei em poucas horas

Certo dia, estava matutando muito sobre como um diretor de marketing pode se tornar um grande aliado do CFO e usar todo o poderio de análise financeira a seu favor. 

Prontíssimo para escrever sobre Unit Economics e métricas como CAC e Payback, me veio à cabeça a ideia de fazer algo a mais pelos nossos assinantes. 

Show, don’t tell.

Que tal criar uma calculadora de CAC, Payback e ROI?

Isso. Uma calculadora que devolva o custo de aquisição, payback e ROI das ações listadas, com uma breve análise e cálculo de break-even e lucratividade. 

Mas imagina construir esse treco. Quanto trampo. Não mais. Agora com essa tal de Inteligência Artificial, as coisas ficaram mais fáceis. 

Abri o Lovable, IA que transforma prompts em sites, apps e landing pages funcionais.

Poucas horas depois, saiu uma entrega de ponta a ponta feita com uma dúzia de prompts - entrega que demoraria tranquilamente umas boas semanas de código tentando recriar telas no Figma ou Photoshop. 

Bizarro o quão mais fácil ficaram as coisas. Então, animei mais de escrever sobre IA do que sobre CAC - que fica para uma próxima semana.

A corrida do ouro e os vendedores de pá

Descobrir as melhores maneiras de usar Inteligência Artificial para se ter diferencial competitivo e melhoria produtiva parece uma máxima em 9 a cada 10 empresas (sempre tem aquela negacionista).

É a agenda setting perfeita: a tecnologia avança em um ritmo “50 anos em 5 semanas”, impulsionada por um financiamento agressivo (~7 a cada 10 dólares investidos em Venture Capital nos EUA foi para IA em 2025). 

Com isso, surgem alternativas melhores e mais rápido e os casos de uso expandem. Pessoas começam a se acostumar com um jeito mais fácil de fazer as coisas, impulsionados pela nova tecnologia. E só se fala disso em todo lugar. 

Mesmo sem muita certeza de nada. 

A sensação que eu tenho é a de tá todo mundo assustado e que ninguém sabe exatamente o que fazer.

Tá tão rápido o avanço tecnológico que não dá tempo de aprofundar e ter estudo extenso sobre aplicação de inteligência artificial. 

A sorte é que tem gente que aprende alguma coisa e compartilha com os outros. 

Os creators e influencers estão bastante imersos nesse universo. Alguns mais rasos, outros com mais profundidade e explorando um pouco mais.

Dei a sorte de patrocinar um vídeo do Bruno Okamoto justamente quando ele fala de multiagentes para WhatsApp e como criar um Micro-SaaS usando IA.

Eu gosto muito do Marketing Against the Grain, videocast do CMO da Hubspot. E ele tem sido meio monotemático em tentar ensinar que AI tá aí e que você precisa usar.

Obviamente eles usam AI para fazer as imagens de capa.

Escolas de marketing, produto, tecnologia e negócios só falam de IA.

Na gringa, referências como Reforge e CXL têm trilhas dedicadas ao tema. Por aqui a corrida também está bastante acirrada. 

Conversei com alguns CEOs de empresas de Educação e me parece uma aposta bastante clara deles como negócio - eles não vendem a pá (quem faz isso são OpenAI, Google, Anthropic e em último caso a NVIDIA), mas ajudam a qualificar os “mineradores”.

Em Produto, a Tera incorporou IA ao seu currículo com o AI Product Leaders, formação para gestores e aspirantes que já querem estar habilitados com esse novo contexto. 

Em Marketing, o CMOs Marketers já tinha uma trilha de conhecimento ligada à inteligência artificial e foi agora pelo lado técnico: lançaram nesta semana o Marketing.Chat, ferramenta que promete entregas ajustadas ao nosso universo de trabalho - de imagens a copy, de pesquisa a tom de voz da marca. 

Também vemos a Staage focada em empregabilidade para marketers iniciantes com a promessa de transformar profissionais em “operadores de multi-agentes” para alavancar resultados e produtividade. 

Em eventos, 10 a cada 10 deles contam com IA como pauta de painel ou palestra. E agora existem vários exclusivos sobre inteligência artificial. 

O frenesi chegou também ao Ensino Superior. Instituições como ESPM, FGV, USP, FIAP e Ibmec, entre outras, todas se mexendo de alguma maneira para aproveitar. 

A EXAME tem uma receita significativa com os MBAs ligados à Inteligência Artificial desde que eu trabalhava por lá em 2023, e só tem aumentado a oferta. 

Se você buscar “pós-graduação inteligência artificial” ou alguma coisa similar, deve encontrar pelo menos 10 resultados patrocinados na primeira página, o que indica não só que há demanda, mas que também há uma oferta forte e com expectativa de consumo. 

[E sempre tem uma Adapta.org da vida que te persegue nos anúncios do YouTube 😅]

O que eu acho disso tudo:

Saber mexer com IA é uma competência fundamental para quem tem trabalho intelectual (o trampo “de escritório”). E quem sabe mexer antes, se destaca antes. Ponto. 

Mas no médio prazo, é bem capaz de entendermos a IA primeiro como “pacote Office”, que é aquela coisa mais básica para qualquer trabalho de escritório. 

Ou simplesmente saber mexer “nos compiuter” ou datilografar. 

Ou sei lá, roubar o seu trabalho e te deixar inútil 🤭

Como disse o CEO da Fiverr (plataforma de freelancers) em um e-mail para TODO MUNDO da empresa:

“Não importa se você é designer, programador, redator. A IA quer o seu trabalho. E o meu também” - CEO da Fiverr. E-mail completo aqui

Acredito que o uso mais natural de IA vai se tornar o padrão, como perguntar se um lugar tem wi-fi - ou eletricidade. 

O superpoder que você pode desenvolver com tudo isso? 

Ter curiosidade e saber fuçar. 

Enter… vibe marketing. 

Vibe o que? Vibe coding? Vibe marketing? 

Esse tal de vibe marketing surgiu a partir do vibe coding, termo criado pelo cientista de computação Andrej Karpathy em fevereiro de 2025. 

É o movimento de “codar” só dando prompt em “linguagem natural” (como falamos e escrevemos) e esperar uma ferramenta de inteligência artificial cuspir o resultado. Eu adorei. Vibes. 😎

Como funciona:

  • Você dá a descrição do problema que quer resolver ou da funcionalidade que quer criar. Explicando como se fosse “para um humano” mesmo. 

  • A IA entende e interpreta o problema e gera de forma automática o código

  • Você revisa e testa o código e o resultado gerados

  • Você dá feedback e vai refinando o processo de criação, em “dupla” com a IA

Claro que ainda tem falhas, e que ainda não substitui um trabalho rigoroso - especialmente quando falamos de segurança e uma coisa completa

Mas já dá uma boa vantagem no que você precisa fazer, e é especialmente efetivo para aplicações que não tem tanta complexidade de dados ou nada do tipo. 

Se você isolar uma tendência — que eu acho que é uma tendência já bem evidente — é a de times de marketing criando pequenos softwares como ferramentas de aquisição de leads e de relacionamento com o cliente.

Antes, isso levava muito tempo para construir. Às vezes precisava do time de tecnologia para fazer. É a calculadora de ROI para um determinado tipo de negócio. É um gerador de insights para outro tipo de negócio.

Enfim, dentro do fluxo de decisão do cliente, no lugar de só oferecer conteúdo, oferecer também ferramentas e pequenos softwares que o próprio time de marketing já consegue criar e entregar.

A tecnologia está hoje no pior estado que ela vai estar. Todos esses produtos vão evoluir muito. Eles só tendem a ficar melhores do ponto de vista do que são capazes de entregar.

Eu também parto da premissa de que software vai chegar mais próximo de ser uma mídia e de ser um novo tipo de conteúdo dentro do stack de marketing.

Leandro Herrera, CEO da Tera

Foi o que eu fiz com a Calculadora de CAC.

Alguém me comentou que estava com dificuldade para calcular mesmo de maneira simples. Ouvi falar do Lovable e queria um caso de uso para construir lá.

Fucei umas horinhas e tcharam! pronto. 

Me deu um flashback de quando aconteceu o contrário. 

Anos atrás, criei um algoritmo para avaliar se uma startup estava pronta para receber investimento. Ele cuspia uma recomendação para ajudar no processo de decisão da ACE Ventures. Era bem experimental mesmo, sempre cruzando com as informações e diligência que já fazíamos tradicionalmente.

Primeiro, fomos estudar “no duro” todos os elementos que consideramos relevantes para investir, como time, tração, maturidade do produto, receita e outros fatores. Planilha. 

Coisa que provavelmente hoje demoraria muito menos com o poder de análise de um ChatGPT aliado à experiência empírica.  

Depois, para efetivamente digitalizar aquilo, foram pelo menos dois meses liderando time de devs para o resultado ser uma interface bem feiosa e com todos os elementos quase todos “hard-coded”. 

7 anos depois, provavelmente hoje eu faria a mesma coisa em umas 4 horas, com uma interface linda e com muito mais fluidez. 

Eu sou muito fã de engenharia como marketing.

Já falei um par de vezes do Website Grader do Hubspot, tem também a Calculadora de Aluguel do QuintoAndar e mil outros exemplos. É uma oferta bem mais rica do que só conteúdo.

E agora está fácil criar.

Com Lovable, Bolt, Cursor, Replit e muitos outros, você cria landing pages e aplicações em instantes a partir de prompts “naturais” - e se você quiser deixar refinadinho, é só jogar outro pedido para o GPT:

“Quero isso, isso e aquilo. Me dê um prompt específico para o [plataforma X]”.

Copia e cola. Easy.

Casos de uso e ferramentas

Adivinha se eu não criei essa imagem com IA?

A lista de ferramentas disponíveis a partir de IA só aumenta. Se você entrar em um Product Hunt da vida, todo dia tem um lançamento diferente. E páginas como There’s an AI for That listam incontáveis alternativas.

Vou tentar envelopar as ferramentas em torno dos casos de uso que eu julgo mais comuns - sempre com o disclaimer que eu provavelmente vou esquecer de algum caso ou ferramenta no caminho, então não fiquem bravos por favor. 

Outro disclaimer: eu nem comecei a fuçar direito nos agentes de IA, aqueles que efetivamente fazem coisas por você “de cabo a rabo”. Não sei se eu fico mais empolgado ou com medo do que dá para fazer com plataformas como o Manus ou o Agent.AI

Criação e desdobramento de conteúdo

Querido Deus, perdoai aqueles que usam emojis, travessão ou “concorda?” nos posts criados com ChatGPT sem carinho nenhum. Mas é fato que a IA impulsiona brutalmente a criação de conteúdo, seja ele original ou um desdobramento.

Confesso que eu sou um “purista” na criação do conteúdo. Eu gosto de criar. O que eu honestamente mais gosto de alavancar a produtividade é no “desdobrar e empacotar”. 

  • Você escreve uma newsletter e ele já recorta em posts menores para social media. 

  • Você sobe o vídeo e ele já te dá legenda otimizada para SEO. 

  • Você pede um draft para a IA e começa a trabalhar sem ser “do zero”

  • Você pede 50 outras variações de um anúncio vencedor.  

Para edição e refinamento, também pode ser um bom caso de uso. Escrever um e-mail e deixá-lo com um tom mais formal. Pedir para revisar o copy da sua landing page como se fosse um redator sênior com todos os gatilhos possíveis.

“O melhor redator que eu já trabalhei em todos os tempos é o Claude bem-configurado”, relatou para mim o Fernando Miranda, CEO da Staage.

Ferramentas 🛠️ 

Design 

Aqui é onde a evolução é mais visível, literalmente. Se você consegue refinar bem o prompt, cria imagens incríveis e consegue influenciar no design. 

Para quem já tem mexe com isso no modo avançado, marcas como a Adobe incluíram IA em seus produtos (Photoshop, Ilustrator) e economizam tempo para fazer os ajustes

Para quem está começando, outras ferramentas como o Canva dão a possibilidade de sair do zero. Ou de adaptar aquele convite horizontal para um story no Instagram sem precisar refazer tudo. 

Você pode usar o Midjourney para criar fotos e ilustrações, que agora estão tão elaboradas que mal dá para perceber. Tem até gente ganhando muito dinheiro com influencers… fake. Criados com IA. 

Para quem cria slides e infográficos, a IA ainda tem um bom caminho para andar, mas ferramentas como Napkin e Gamma AI já ajudam

Ferramentas 🛠️ 

Vídeo - criação e edição

Outro grande avanço aqui, para além dos filtros com cara de gatinho. A evolução vai meio que de ponta a ponta. Na parte mais produtiva:

Legendas automáticas com ferramentas como Captions ou CapCut, também usado para uma edição simples dos vídeos, desde o corte automático de palavras e “vazios” (como quando você fala “ééééé”, “hãããã” ou coisa do tipo) para dar dinamismo. 

Até montagens com música e efeitos sonoros já prontos e adaptados para as redes sociais. Ou, se você quiser, eles até fazem os cortes todos. Sobe um vídeo de podcast no Opus Clip e veja a mágica acontecer. 

Tem até aplicativos como o Runway que conseguem gravar vídeos com “avatares” ou até emulando o seu próprio rosto (um perigo para os deepfakes, aliás). Mesmo as redes sociais já podem usar isso nos seus editores “internos”, como mostrou o Instagram com o lançamento da sua ferramenta de edição. 

Ferramentas 🛠️ 

Análise competitiva

Pesquisar um concorrente ou um mercado potencial nunca foi tão fácil. O que antes poderia ser um trabalho de semanas ou um projeto de milhares de dólares para a McKinsey hoje pode ser (parcialmente) resolvido com um par de prompts bem feitos. 

O Perplexity Pro tem um nível muito bom de resposta. Todo o especial da Hubspot foi feito com ajuda dele, minerando apenas em documentos de resultados financeiros da própria empresa e em fontes confiáveis. 

O ChatGPT também tem alguns modelos de LLM mais indicados para isso, e que com a função Investigar “cospe” uma pesquisa bem impressionante. 

O cuidado que eu tenho aqui é o de sempre double-check cada informação, indo direto nos estudos originais ou confrontando com outra fonte. Não é incomum de uma IA delirar ou pegar um dado pouco confiável e assumir como verdade. 

Se essa análise ainda tiver dados estruturados de fontes diferentes e meio caótico, também dá jogo para qualquer ferramenta dessas. 

Ferramentas 🛠️ 

Operação e Produtividade

O meu maior caso de uso de IA é na transcrição e automação de anotações, tarefas e aprendizados das reuniões que eu participo. Eu uso o Fireflies, mas conheço pessoas que preferem o tl;dv ou outras ferramentas de transcrição. 

No meu caso de uso, já deixa tudo sincronizado com o Notion (o que é uma belezinha para quem tem a vida inteira no Notion).

E conversei recentemente com o Pedro Waengertner, que criou uma automação no Zapier para inclusive criar tarefas direto na tasklist dele a partir dessas reuniões. 

Aqui no Brasil a gente tem a Elephan.AI, que além da transcrição também usa AI para analisar sentimento de compra, adequação do pitch de vendas e sincronizar com o CRM. 

O próprio Felipe Witt comentou que para ele foi transformacional o uso do Plaud (que é um hardware com a funcionalidade de transcrever) no onboarding como diretor de receita da STLFLIX.

Ferramentas 🛠️ 

Enfim, é caso de uso que não acaba mais. 

Olha que eu nem falei de alocação de investimento de mídia, análise de dados, chatbot, assistente virtual, entre vários outros. E tem gente com casos de uso muito mais avançados do que esses aqui.

De novo: para mim, o importante é você fuçar. 

Temos um bom começo com o texto acima (escrito 100% por um humano, mas com boa ajuda da IA na pesquisa). 

Me responde o e-mail ou a avaliação comentando: o que você está brincando de AI?

Boas vibes,

Qual a nota dessa edição?

(pessoas educadas respondem)

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