- Growth Insight
- Posts
- Agile Marketing: como escolher o jeito certo de organizar o time
Agile Marketing: como escolher o jeito certo de organizar o time
Scrum, Kanban, Lean e como usar Agile em marketing e growth
Prazos mais curtos, equipes mais enxutas, mais necessidade de execução e testes, mais ferramentas para ajudar na produtividade, mais complexidade no trabalho: o cenário do mercado é cada vez mais caótico.
Organizar esforços com essa movimentação toda pode ser desafiador, mas talvez a resposta para Marketing esteja logo ali do lado, em produto e tecnologia.
Um tal de método ágil. Bastante usado em Produto e Tech.
Hoje você vai descobrir o que é, como e onde usar, e como começar a usar princípios e métodos ágeis em marketing - vamos muito além do operacional, e dá para se virar independente se o melhor para você é Scrum, Kanban ou qualquer outro jeito.
Tudo começa no Manifesto Ágil.
Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas
Software em funcionamento mais que documentação abrangente
Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos
Responder a mudanças mais que seguir um plano
Se você tiver que pausar sua leitura agora, já vou entregar os princípios fundamentais de Agile Marketing, uma adaptação do original:
Foco no cliente e em entregar valor
Flexibilidade e capacidade de adaptação
Colaboração entre equipes e com stakeholders
Decisões baseadas em dados e métricas
Transparência em processos e comunicação
Melhoria contínua via feedback e iterações
Fazer mais, melhor e mais rápido. Com menos.
Agora, se você tiver mais alguns minutos, se prepara que vem coisa boa.
🧠 Tempo para escrever: 8 horas (a ironia: eu tive uma ideia e refiz tudo!)
📖 Tempo de leitura: 19 minutos
✍️ Na última edição: SLG, MLG, PLG: como identificar o melhor go-to-market
Depoimento da última edição:
“Fala Felipe, tudo na paz? Talvez essa mensagem nunca chegue mas queria deixar parabéns por material de GTM cara, sensacional!
Se todos os decisores de empresas de tecnologia tivessem essa clareza, ia facilitar infinitamente!”
Se você quer aparecer aqui, já sabe, né? É só nos responder este e-mail com um feedback ou comentário. A mensagem sempre chega :)
🔉 Falando em produto, tenho que recomendar: fiz um episódio bem legal de podcast do Product Gurus com o Paulo Chiodi. Dá o play depois.
Nessa edição você vai ler:
Agile Collins: como eu comecei
Spotted: professores Collins e Waengertner na primeira turma de Agile Marketing na ESPM, lá em 2017
Gerir times de marketing com princípios e métodos ágeis é uma atribuição que eu gosto de fazer desde 2016-17. Sim, faz bastante tempo e “era tudo mato” quando eu comecei com Agile Marketing.
Li um livro chamado “Hacking Marketing” (do Scott Brinker, não do Sean Ellis), mais um par de papers… e já comecei a me coçar para colocar em prática.
Achei incrível aquela COISA de tentar colocar processos, organização visual, previsibilidade e capacidade de priorização em um time enxuto para dar conta de mais entregas com menos recursos. Eu tinha acabado de virar head de marketing da ACE e achei um jeito de me organizar. Deu certo.
Eu e o Pedro Waengertner fomos fundamentar o método e começamos a dar aulas sobre Agile Marketing na ESPM - curso que também duplei com o Gabriel Ferreira como professor, sempre com sala cheia e NPS excelente.
Também dei aulas de Métodos Ágeis na pós da mesma ESPM, e cursos livres na Future Dojo (Transformação Ágil) e na Descola (Mentalidade Ágil).
Enfim, eu vi bastante coisa de agilidade.
Aí no último par de anos eu estava mais quietinho tocando outras coisas e cuidando de operações de marketing com outras formatações quando fui dar uma mentoria (oi, Weverton!) e o tema acendeu com tudo na minha cabeça de novo.
Em quase 30 edições de Growth Insight (pois é!), não havia escrito de Agile Marketing. Nessa edição arrumamos essa falha histórica e deixamos uma newsletter para a posteridade.
Agile é solução para quem?

Mais da metade dos times que implementaram Agile em Marketing se consideram bem-sucedidos (“somewhat successful” para mim é “médio” e não bom.)
Que as coisas estão mais caóticas e que a necessidade de se adaptar está maior do que nunca você provavelmente já sabe e sente na pele.
O que você talvez ainda não saiba é que o número de equipes usando métodos ágeis em marketing também esteja cada vez maior. E que as coisas estejam dando certo para quem adota essa metodologia.
O Agile Marketing permite que as equipes:
Respondam rapidamente às mudanças do mercado
Priorizem as atividades de maior impacto
Melhorem a colaboração entre equipes
Obtenham resultados mensuráveis mais rapidamente
E parece que a coisa vem crescendo. A principal pesquisa sobre o tema é o State of Agile Marketing (de onde tirei essas imagens), que chegou à sua sétima edição em 2024. Os resultados são animadores.
Entre os marketers entrevistados:
98% classificam sua implementação do Agile como bem-sucedida
83% relatam uma experiência positiva com a metodologia ágil
86% das equipes planejam transicionar algumas ou todas as suas operações para o Agile

78% das organizações que usam Agile Marketing possuem mais da metade dos times “tombados” para o método. Isso pode indicar uma maior maturidade na adoção do Agile!
Claro que precisamos levar os resultados da pesquisa “com um grão de sal” (ou seja, alguma desconfiança) porque ela é feita com um público pequeno (~400 executivos) e patrocinada por defensores de agilidade (que ganham dinheiro na “alta” da adoção).
O que mais me impressionou foi que metade dos respondentes (maioria americana) já está utilizando Agile há mais de 3 anos. É um bom tempo para seguir operando e aprendendo com o método.

A turma tem sido longeva ao adaptar a metodologia.
Lean: o fundamento de tudo

Construir, medir e aprender. A base do método Lean.
O Lean, também conhecido como método da "startup enxuta", é uma abordagem que existe há décadas - a Toyota criou há quase 100 anos, e o Eric Ries popularizou no livro Lean Startup.
O Lean se concentra em alguns fundamentos que eu julgo cruciais:
Ciclos curtos de aprendizado
Construir, medir e aprender. Criar algo, mostrar a mercado, coletar feedback e incorporar esse aprendizado já.
Se você parar para pensar bem o ciclo lean de construir-medir-aprender também se parece muito com um outro framework que eu já vi em algum lugar…

Olha só: o ciclo de testes de growth! Variações sobre o mesmo tema.
Sim, isso mesmo. o tal do ciclo de Growth, conhecido no “Hacking Growth” do Sean Ellis e em mil outros lugares é… uma adaptação do lean. O que não desvaloriza nem um pouco a sua obra, aliás.
Falando nisso, abre essa edição aqui em outra aba e guarda pra depois.
Sistema “puxado” (foco no cliente)
Você só começa a produzir a partir de uma demanda já pedida lá na ponta do cliente e evita desperdício.
O sistema “puxado” você pode traduzir em “só fazer alguma coisa se tiver de fato impacto na métrica central da companhia”. Ou se servir a algum cliente.
O impacto pode ser direto ou indireto (ouviu, turma fanática em atribuição), mas você precisa entender O MOTIVO daquilo existir.
Se você está executando uma tarefa e não sabe no que ela impacta, pare imediatamente e pergunte. Se ninguém souber, LARGUE.
Uso racional de recursos
Maximizar o retorno com recursos limitados, eliminando ineficiências e evitando retrabalho. Uso racional dos recursos, por exemplo, é você trabalhar com um princípio de 70-20-10.
70% do orçamento eu jogo em coisas que eu sei (ou tenho uma boa confiança) que funcionam, 20% você usa em testes mais coordenados que se funcionarem vão lá para o “bolo dos que dão certo” no próximo período, e 10% são para “flights” ou iniciativas mais arriscadas.
Isso aqui deve ajudar:
O Lean deveria ser a base de todas as operações de marketing. Mesmo em projetos que exigem alta criatividade, pensar de forma enxuta na operação de agências e departamentos de marketing é fundamental.
Mas cá entre nós, hoje ele é mais um modelo mental do que uma operação em si quando aplicado ao nosso contexto.
Se você é como boa parte dos nossos leitores, já precisa operar com o método Lean instalado. (responda a pesquisa para entender o que eu quis dizer)
Onde você trabalha?Queremos entender o perfil do assinante. Responde que você também vai ver como são os outros leitores :) |
Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas. |
Kanban: Visualização e Processos

É o princípio por trás daquela parede cheia de post-it organizado em coluna que você sempre quis perguntar para que servia.
Kanban, do japonês “cartão de sinalização” (tradução livre). É o melhor modelo para organizar processos com etapas bem definidas. O Kanban é “filho” do método criado pela Toyota.
Cada “coluna” é uma etapa do processo e ele serve para qualquer um ter uma visão completa do fluxo de trabalho e saber quem está fazendo o que, quando e onde - e assim ter uma noção clara de expectativa de entrega, gargalos e até a necessidade de pessoas ou inventário.
Eu gosto do melhor exemplo: quando vai pedir um sanduíche no Subway.

Imagina que cada pergunta é uma etapa do processo…
Pede o sanduíche (sistema puxado! Lean!)
Qual o pão?
Qual o tamanho?
Qual o recheio? (Dobro?)
Qual o queijo? (Dobro?)
Quente ou frio?
E assim por diante. Cada pergunta é uma etapa no processo.
Tem uma coisa legal no Kanban que é o limite de trabalho sendo feito ao mesmo tempo, chamado também de WIP (work in progress). Há uma limitação de cartões em algumas etapas do processo,
No exemplo do Subway: se já tem um sanduba no forninho, você precisa esperar ele terminar de esquentar para poder colocar o seu. Isso é um limite de sanduíches no forno ao mesmo tempo (WIP).
Kanban é bom para quando você JÁ SABE o processo e os entregáveis de cada etapa
É o caso de muitos designers, redatores, social medias e outros creators, por exemplo, ou até de fluxo de contratação de pessoas ou pagamento de boletos.
Um exemplo prático de etapas de Kanban em criação de conteúdo:
Ideias de Pauta
Em Pesquisa
Em Redação
Em Revisão
Em Aprovação
Pronto para Publicação
Publicado
Para começar com Kanban (ou Scrum também) você pode usar parede e post-it, mas existe um mar de ferramentas como Trello, Jira, Notion, Monday, Clickup, Asana, Basecamp, Pipefy e muitos outros (quem patrocinar primeiro ganha o backlink! hahaha).
Scrum: Flexibilidade e Iteração

Tecnicamente, scrum é o nome de uma formação usada no rugby quando você precisa pegar a bola de um oponente na lateral. Daí pra software foi um pulo!
O Scrum é um framework criado pelo Jeff Sutherland dentro da metodologia ágil que é frequentemente usado quando há menos certeza sobre o processo de criação ou sobre os entregáveis.
Ele também é particularmente útil em situações onde você tem um prazo limitado para entregar resultados. Ou seja, pode ser legal para:
Equipes enxutas com demandas (e clientes!) muito distintos
Iniciativas de growth (dá para medir “no pulso” o resultado)
No Scrum, como há incerteza sobre o processo, cada tarefa (ou cartão) tem uma estimativa de tempo ou esforço gasto. E é o equilíbrio desses esforços e cartões condensados em um período de 1 a 4 semanas (gosto de duas semanas) que forma uma sprint, onde o time efetivamente vai trabalhar.
Não vou entrar no passo a passo das rotinas, que são outro elemento característico de Scrum. Mas uma revisão rápida não é ruim. Grosso modo:
Backlog: Ideias, projetos, campanhas, tarefas, missões: tudo aquilo que a gente PODE fazer (mas não necessariamente vai, e não agora).
Sprint Planning: quando a gente decide o que vai e não vai fazer, calcula quanto cabe para cada pessoa e como bate a meta.
Daily Meeting: três perguntas (ontem/hoje/impeditivo). 15 minutos.
Sprint Review: o que entregamos, não entregamos e aprendemos, e por que isso aconteceu.
Retrospectiva: como trabalhamos e como melhoramos a nossa “máquina” para produzir melhor
O Scrum “tradicional” tem papeis mais bem-definidos como “Product Owner” e “Scrum Master”, mas a gente pode assumir que em Marketing essas etiquetas ficam a cargo da liderança - ou podem ser rotativas entre os integrantes do time.
Particularidades de Marketing vs. Agile
Tem coisa que só acontece com a gente mesmo. Além da pizza de madrugada, do flanelinha de layout e das pessoas acharem que o priminho tiktoker faz melhor do que você, tem também particularidades de marketing que afetam diretamente o trabalho com agilidade.
Maior tempo para imprevistos: O marketing frequentemente lida com oportunidades inesperadas, crises surgindo do nada ou mudanças de prioridade. É crucial reservar tempo para essas situações.
“Cheiro” de métricas de curto prazo: Aqui vale mais para growth, onde você pode medir o resultado de uma ação às vezes até no mesmo dia e não esperar uma sprint inteira (ou várias).
Aprovações externas: Muitas vezes, o time de marketing precisa lidar com aprovações de stakeholders externos como C-levels, clientes e outras áreas. Isso pode complicar a gestão e cumprimento de prazos.
Integração com outras áreas: Pode ser desafiador integrar uma abordagem ágil de marketing com áreas que não seguem a mesma metodologia, como vendas, produto ou até fornecedores.
Como implementar Agile Marketing

Créditos ao Marketoonist, um dos sites mais engraçados que você vai ver.
Beleza, você tá convencido que o Agile é o caminho. Conseguimos! Excelente. Mas como começar? Aqui vai um passo a passo onde eu vou explicar como se fosse a coisa mais fácil do mundo. (SPOILER: não é.)
Entenda seu fluxo atual: Antes de mudar, saiba exatamente como as coisas funcionam hoje. Onde estão os gargalos? Quais processos são mais lentos?
Escolha um método e crie um plano: Baseado na sua análise, escolha entre Lean, Kanban ou Scrum (ou uma combinação entre eles). Crie um plano de implementação e impactos.
Prepare-se para a turbulência inicial :Avise a equipe: vai piorar antes de melhorar. É comum que a eficiência diminua inicialmente ao implementar uma nova metodologia. As pessoas precisam de tempo e os processos precisam ser refinados.
Itere, itere, itere: O segredo do Agile é a melhoria contínua. Aprenda com os erros e ajuste o processo constantemente.
Foque na mudança de modelo mental: Agile é mais que processos e ferramentas. É uma mudança de cultura e de mentalidade que precisa ser abraçada por todos.
"O Agile Marketing não é apenas uma metodologia; é uma mudança fundamental na forma como pensamos e executamos marketing."
Q&A “Mentoria” - respostas para você!
Fiz um post nesta terça-feira (10/09) no LinkedIn e algumas pessoas interagiram com perguntas. Selecionei algumas para responder.
Vou tentar responder rápido porque só faltam sete horas para essa newsletter atingir as caixas de entrada de vocês. (Até quem “é ágil” se atrapalha às vezes)
Pergunta: Quando falamos em ágil, muitas vezes esperam-se resultados em curtíssimo prazo, e estratégias que precisariam de mais tempo de maturação acabam ficando pelo caminho. Como lidar com essa pressão / ansiedade para que tudo aconteça rápido?
Resposta: Ágil é uma coisa, apressado é outra. Priorizar as “low hanging fruits” é uma coisa, só olhar o curto prazo é outra. É normal você querer resultado mais rápido, mas nem nove grávidas muito organizadas fazem um bebê em um mês.
Agilidade impacta no tempo de execução e às vezes no tempo que você demora para ter alguma resposta de uma ação, mas não necessariamente na maturação de um canal ou estratégia. Pede para a turma segurar a emoção.
Pergunta: Eu fico pensando muito sobre como conseguir fazer com que o time não perca a visão do todo e acabe focando muito nas tarefas e na rotina, mas sem criar processos que acabem engessando ou tomando tempo da equipe. Como deixar o time mais orientado por aquilo que realmente impacta?
Resposta: Ótima pergunta! É muito comum que isso aconteça mesmo. Para evitar esse “cabresto” de só olhar para o micro, sempre vale ter indicadores e métricas à vista (sejam eles KPIs ou OKRs - inclusive este último é muito usado em conjunto com marketing ágil).
As próprias dinâmicas de Review e Retro de uma Sprint deveriam ter esse papel de olhar mais para o todo e ver tanto se estamos indo para onde planejamos quanto se estamos com a configuração certa.

Ufa. Só quem já se sentiu assim sabe.
Obrigado também a Pedro Couto, Daniela S., Rodolfo Neves e Guga Pecciacco, que também perguntaram. Acho que eu respondi no corpo do texto.
Se você que está lendo tiver mais pergunta:, me responde este e-mail ou comenta lá no LinkedIn, que eu gravo um vídeo e publico por lá mesmo.
Agora…
Papo sério. Tá na hora de você recomendar essa newsletter. Manda para quem você conhece. Compartilha nas mídias sociais. Vamo!

Qual a nota dessa edição?(pessoas educadas respondem) |
Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas. |